Um velho rei tinha dois filhos. Como já se sentia fraco para governar, chamou o mais velho e pediu-lhe que encontrasse entre as donzelas do reino aquela que reunisse mais condições para se tornar rainha e a desposasse.
O velho monarca sabia o quanto era importante para o futuro rei ter uma mulher sábia como esposa. Assim, mandou preparar um grande baile no palácio e convidou as mais lindas jovens, para que o príncipe pudesse escolher.
Depois de observar cuidadosamente todas as candidatas, o príncipe se decidiu por duas, que eram absolutamente magníficas!
Eram as mais belas, mais prendadas e igualmente educadas. Sem saber qual escolher, ele as convidou para morarem no palácio, onde poderia, através da convivência, certificar-se de que a escolhida seria mesmo a mais preparada.
O príncipe era, como seu pai, um jovem humilde e de excelente coração. Queria que seu casamento viesse a dar ao povo de seu reino uma verdadeira rainha, que servisse de exemplo para todas as demais jovens do reino.
Um dia, quando em viagem a lugarejos distantes de seu reino, ele sofreu um acidente. Caiu do cavalo e bateu a cabeça na raiz de uma árvore, vindo a ficar cego. Que tragédia para um jovem tão distinto e com um futuro tão brilhante!
Voltando ao seu palácio, fez questão de renunciar ao seu direito de reinar em favor de seu irmão mais jovem, pois achava que um rei cego não poderia servir tão bem ao seu povo. Já não frequentava mais os salões de baile e nem desfilava garbosamente pelas ruas do reino. O príncipe cego preferia ficar trancado em seus aposentos, meditando em sua vida.
Aos poucos, todos os amigos foram se afastando e ao mesmo tempo se aproximando de seu irmão mais jovem, agora o futuro rei. Um outro baile foi então realizado, para escolher a donzela que desposaria o irmão mais jovem.
As duas moças foram também convidadas para o evento. Porém uma delas não aceitou comparecer. Ela havia se apaixonado pelo outro príncipe, que agora estava cego, e sentia que não poderia ser feliz com mais ninguém.
O salão de festas do palácio estava lotado com lindas donzelas, todas bem vestidas para a ocasião. Em meio à festa, o príncipe cego adentrou o salão, com trajes reais, e para surpresa de todos, enxergando perfeitamente.
Em meio ao silêncio que se seguiu, o príncipe subiu os degraus que levavam ao trono e anunciou calmamente ao povo:
- Mais uma vez a Palavra de Deus se prova sábia e maravilhosa. Tinha uma decisão muito difícil a tomar, pois as duas jovens que escolhi se me apresentavam absolutamente iguais e merecedoras da coroa. Um dia, quando lia a Bíblia, notei que o Senhor havia fechado os olhos de Adão, fazendo-o cair em profundo sono, enquanto lhe preparava sua esposa. Percebi que meu dilema estaria resolvido se também fechasse meus olhos. De olhos abertos atentava para os aspectos físicos. Não enxerguei os atributos invisíveis de um verdadeiro caráter. Das duas jovens que diziam me amar, apenas uma provou o que sentia, não aceitando comparecer a este baile. Assim, ela é a escolhida para ser a futura rainha e reinar ao meu lado.
Não é mesmo interessante que embora a visão seja importante, as coisas invisíveis são ainda mais importantes e permanentes que as visíveis? Não vive o justo pela fé? E não é a fé a certeza das coisas que não se veem? Não foi o rei Davi escolhido por qualidades que não se podiam ver com os olhos físicos?
O apóstolo Paulo nos ensina:
"Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas." 2 Coríntios 4.18
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