Uma das dores emocionais mais fortes é a que resulta do saber de uma traição conjugal ao se amar o cônjuge que traiu. A dor pode ser ainda mais devastadora se ocorre entre amigos do casal, o que não é raro, infelizmente.
Quando a pessoa está envolvida numa “paixão proibida”, por ser solteira e se envolve com pessoa casada, ou por ser casada e se envolve com alguém fora do casamento, ela fica cega e possuída por emoções que dominam muito o raciocínio. É como o efeito de uma droga no cérebro. A pessoa fica fissurada, obsessiva, dominada pelo sentimento. Perde a razão.
O traído pode sentir ira e canalizá-la para o rival, inocentando o traidor. Isto pode aliviar a dor e diminuir o sofrimento. Assim, o vilão é considerado a pessoa rival. O traído age assim logo após descobrir a traição, protegendo o cônjuge e atacando o rival, para diminuir a dor, pois fica menos pior pensar que o cônjuge é inocente e que a culpa toda é do rival que teria tido a iniciativa da sedução. Com tal crença, o traído se protege da dor de se sentir rejeitado. Mas se trata de uma defesa que não funcionará mais adiante. À princípio perdoa-se com mais facilidade, apega-se ao cônjuge traidor, se lança mão de meios de reconquista (roupas sedutoras no caso da mulher traída, e dedicação intensa à esposa, no caso do homem traído). Estas atitudes servem para bloquear a raiva de ter sido traído. Perceber a verdade de que o cônjuge também é culpado, pode ser insuportável neste momento. Daí a necessidade de jogar a verdade sob o tapete da consciência, de que a culpa e a responsabilidade pelas escolhas são de todos.
Este mecanismo de defesa da dor esmagadora de ter sido traído, pode produzir doenças psicossomáticas (reações no corpo), também depressão e finalmente levar à explosões de raiva, cobranças, o que piora tudo.
Para a mulher que foi traída, existe dor maior se seu marido se apegou afetivamente à rival, não sendo só algo sexual, porque a mulher vivencia como mais significativo o lado afetivo da relação. É, por isso, mais devastador para ela se seu marido passou a gostar da outra do que apenas ter sexo com ela.
Mas para um homem traído, o mais devastador parece ser sua esposa ter sexo com o rival, ou seja, quando ela entrega seu corpo para outro homem. Isto gera forte ameaça na masculinidade no traído, deixando-o com dolorosos sentimentos de humilhação, depreciação de si e inferioridade.
Parte da resolução da infidelidade envolve o perdão, a promessa e o cumprimento de não mais ocorrer qualquer tipo de traição, e tempo para a cura da ferida pessoal, que é de difícil cicatrização. Também é importante que o traído viva sua dor, experimente-a, expresse-a e finalmente a deixe ir. O tempo necessário para isto ocorrer irá depender do tipo de pessoa, da qualidade do relacionamento que o casal tinha, do temperamento, etc.
O cônjuge que traiu, agora precisará tolerar a angústia da culpa e esperar pelo tempo necessário para curar a ferida do relacionamento. Isto pode significar que terá que enfrentar solidão e angústia não só pela presença da culpa, como pelo fato de que seu cônjuge poderá ficar não afetivo, não para fazê-lo sofrer ou por vingança, mas porque a confiança foi quebrada, o que requer um tempo de cicatrização da ferida, às vezes mais longo do que ambos gostariam de experimentar, a fim de terminar a dor e a distância afetiva.
Trair é uma escolha. Amar também. Não é algo só emocional. Pessoas imaturas, especialmente na filosofia pós-moderna, se baseiam só no sentimento ao realizar coisas na vida. O paradigma desta filosofia é: se dá prazer, então tudo vale!
As pessoas em processo de amadurecimento têm, por outro lado, como base filosófica da existência, a crença de que o sentido da vida e o prazer real vêm pelo servir, ser útil dentro da ética, ser verdadeiro e viver afetividade saudável. Testemunhos têm mostrado que o prazer da traição não compensa a dor que surge e que pode demorar para desaparecer, em todos os envolvidos.
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