domingo, 22 de maio de 2016

A ROSA ENCANTADA (Ilustração)


Era uma vez príncipe muito infeliz, pois lhe faltava alguma coisa na vida, mas não sabia dizer o quê. Dizia sempre que havia um imenso e angustiante vazio no peito.
Aflito, o rei mandou chamar um ancião, conhecido por sua sabedoria, e pediu-lhe ajuda. – Alteza, disse o homem, daqui a três luas nascerá no jardim do príncipe a mais bela flor que os olhos humanos já viram. Será uma rosa encantada, que trará felicidade ao seu filho, por causa da sua beleza e do seu perfume. No entanto, esta flor não pode ser retirada do lugar onde nascer, senão morrerá, e com ela morrerá a felicidade do moço. 
Passadas as três luas, aos primeiros raios do amanhecer, fez-se um burburinho no jardim, bem sob a janela do príncipe, que, ao levantar-se e ir à sacada para ver de onde vinha aquele som, ficou mudo, completamente sem fala, diante a beleza da flor.
Era realmente uma flor sem igual! O jovem vestiu-se às pressas e desceu as escadarias a passos rápidos. Atirou-se de joelhos na grama, e ficou a admirar suas formas e cores, e a inalar seu indescritível perfume. E, de repente, ele se apaixonou por ela, e a felicidade invadiu sua alma. E ele se esqueceu que um dia foi infeliz.
Mas, uma coisa preocupante aconteceu: a notícia da rosa encantada esparramou-se rapidamente pelo reino e centenas de pessoas vieram vê-la e aspirar seu perfume.
E o príncipe ficou enciumado. Colocou guardas ao redor da flor, mas sua beleza parecia que atraía as pessoas, tendo os guardas, muitas vezes, de usar de força para as conter.
Um dia, aborrecido por ter dividir sua flor com tanta gente, mesmo ciente das advertências do sábio, o príncipe a arrancou do jardim e a plantou num vaso de ouro, cravejado de diamantes, e a levou para seu quarto. Agora ele a teria só pra si.
Regou-a, arrumou a terra ao seu redor, protegeu-a como pode e cuidou dela a noite inteira, mas, ao amanhecer, ela havia morrido.


Põe-me como selo sobre o teu coração,
como selo sobre o teu braço;
porque o amor é forte como a morte;
mas, o ciúme é cruel como o inferno.

Cânticos 8.6

Autor: Fábio Azamor.

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