Conta-se que um homem riquíssimo tinha convidado muitas pessoas para uma festa. Ele encarregou o seu cozinheiro-chefe para comprar os melhores alimentos. Este foi ao mercado e comprou línguas; somente línguas, e nada mais. Apresentou-as como primeiro prato, segundo prato, etc., servindo somente línguas aos hóspedes. Os convivas elogiaram a composição da refeição e a ideia original do cozinheiro. Mas, aos poucos começaram a ficar saturados de tanto comer línguas. O anfitrião se irritou e mandou chamar o cozinheiro: “Não mandei que você comprasse o que há de melhor no comércio?” Ele respondeu: Existe algo melhor do que língua? Ela é o vínculo na vida social, a chave para todas as ciências, o órgão que proclama a verdade e a razão. Graças ao poder da língua, edificam-se cidades e as pessoas se tornam letradas e cultas. É verdade, concordou o dono da casa. E mais uma vez encarregou o cozinheiro de preparar outro banquete para o dia seguinte, com a ressalva de comprar o que de pior houvesse na feira. Novamente este comprou línguas, somente línguas. Preparou-as das mais variadas maneiras para o banquete. Já que os convidados eram os mesmos, enojaram-se rapidamente do cardápio. O anfitrião sentiu-se ridicularizado e envergonhado, e gritou com seu chefe de cozinha: “Não mandei que você preparasse o que há de mais ruim? O que você está pensando? Por que serviu línguas outra vez?” Ele respondeu: “A língua também é o que há de pior no mundo, a mãe de todas as contendas e discórdias, a fonte de todos os processos judiciais, das diferenças de opinião e o instrumento que incita à guerra e à destruição. Ela é o órgão que propaga enganos e difamações. Pessoas são levadas ao mal, cidades são destruídas e vidas são aniquiladas pelo poder da língua”.
Uma pesquisa entre jovens alemães a partir de 14 anos revelou que as pessoas engendram alguma mentira a cada oito minutos: “São aproximadamente 200 inverdades durante o dia” .
Na Bíblia, a nossa língua é chamada de “mundo de iniqüidade, que contamina o corpo inteiro. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus” Tg 3:6 e 9.
Na Palavra de Deus encontramos diversas instruções e exortações em relação ao uso da língua. Por exemplo: “Desvia de ti a falsidade da boca e afasta de ti a perversidade dos lábios” Prov. 4.24. Uma tradução livre do texto seria: “Não permitas que tua boca fale qualquer inverdade; que teus lábios pronunciem difamação ou engano”. Tudo o que é inverdade, tudo o que torce a verdade e tudo o que engana é mentira. O mais difícil para nós, realmente, é obedecer com a língua, não é mesmo?
A Bíblia declara com muita propriedade: “a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero. Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim” Tiago 3.8-10.
Uma língua que não está sob o domínio do Espírito Santo anula qualquer ministério espiritual: “Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã” Tiago 1:26.
Certa vez o Senhor Jesus disse que os homens prestarão contas de qualquer palavra frívola que tiverem falado. Ver Mat. 12:36. Portanto, tudo o que falamos fica registrado no céu, e além disso pode prejudicar as pessoas, se o falar for negativo.
QUANDO MANTEMOS COMUNHÃO COM DEUS - Quando o profeta Isaías viu a glória de Deus, ficou imediatamente consciente de seus lábios impuros:“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!” Isa 6:1 e 5.
O rei Davi também sabia o mal que pode ser causado por palavras ditas impensadamente. Por isso, orou: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios. Não permitas que meu coração se incline para o mal.” Sal. 141: 3 e 4. A Bíblia Viva diz: “Ó Senhor, ajuda-me a tomar cuidado com o que falo; ajuda-me a não falar o que não te agrada. Não permitas que o meu coração seja atraído para o pecado...”
Por que as pessoas mentem? Porque há falsidade em seu coração: “Vou descrever para vocês um homem vazio, inútil, um homem que não presta para nada. Suas palavras são mentirosas... Seu coração está cheio de maldade...” Prov. 6: 12, e 14, A Bíblia Viva.
Existem três áreas potencialmente perigosas em relação ao nosso falar:
A Mentira - No Antigo Testamento Deus já alertou: “Não furtareis, nem mentireis...” Lev. 19:11. E no Novo Testamento somos exortados: “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros” Efésios 4:25. Em outras palavras: ninguém pode passar por cima da mentira; ela é séria demais, e sempre deve ser exposta à luz. Uma meia-verdade é uma mentira completa. No Apocalipse há menção específica de que os mentirosos não entrarão no reino dos céus e acabarão no lago que arde com fogo e enxofre, o fogo do inferno. Apoc 21:8 e 27.
Calúnia e Difamação - É muito fácil acabar com a reputação de alguém falando apenas algumas poucas palavras. É por essa razão que a calúnia e a difamação devem ser levadas muito a sério, pois fazem parte das piores atitudes nos relacionamentos humanos. Lemos no Salmo 15.1-4: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com sua língua, não faz mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que jura com dano próprio e não se retrata”.
Exagero ou minimização devem ser equilibrados como os pratos das antigas balanças: o ponto certo é alcançado quando os ponteiros estão na mesma altura.
Exagerar ou Minimizar os Fatos - Exageramos com facilidade quando se trata de nossas boas ações, mas quando contamos alguma coisa boa acerca de alguém, tendemos a diminuir suas qualidades. Foi o que levou o salmista a orar: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios. Não permitas que meu coração se incline para o mal, para a prática da perversidade na companhia de homens que são malfeitores.” Salmo 141:3 e 4.
Certo menino disse à seu pai: Papai! Papai! Eu vi um cachorro do tamanho de um elefante! O pai retrucou: Já avisei milhões de vezes que você iria apanhar se continuasse exagerando tanto!
Confessando a culpa e recebendo perdão - Depois da conquista da cidade de Jericó, Acã tomou para si despojos proibidos, e todo o povo de Israel caiu em desgraça. Mais tarde esse pecado veio à luz, e mesmo que o culpado já tivesse sido revelado, Josué disse a Acã: “Filho meu, dá glória ao Senhor, Deus de Israel, e a ele rende louvores; e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” Jos. 7:19. Acã respondeu: “Verdadeiramente, pequei contra o Senhor, Deus de Israel, e fiz assim e assim” (v.20). Então, segundo a Lei, Acã devia de morrer.
Hoje ninguém é condenado à morte por ter mentido, caluniado, difamado, exagerado ou minimizado os fatos. Mas o pecado somente será perdoado quando for confessado e abandonado: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” I João 1.9
Que Deus tenha misericórdia de nós.
Luís Carlos Fonseca.
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