sábado, 5 de outubro de 2019

SERÁ QUE PAU QUE NASCE TORTO, MORRE TORTO?



Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe. (Salmos 51.5)

Nas últimas décadas tem havido um grande debate nos meios acadêmicos sobre o fator determinante dos atributos humanos. Antes da modernidade, acreditava-se que grande parte dos problemas do homem tinha origem no mundo espiritual. Os doentes mentais, por exemplo, eram sempre vistos como possuídos por um espírito mau.

A sofisticação tecnológica, os estudos sobre o DNA humano e as demais pesquisas genéticas mais recentes têm valorizado a base genética do comportamento humano. A partir daí, muitos têm enfatizado que “engordar muito” pode ser mais genético do que por falta de bons hábitos. As doenças graves têm hora marcada para aparecer, já definidas no próprio DNA humano. Para surpreender a muitos, tem surgido sugestões de que “trair o cônjuge”, “ser estuprador”, “ser assassino”, “possuir tendência heterossexual, homossexual, bissexual ou pansexual” é fator determinado pelo código genético humano. Parece que o enfoque genético deve receber muita atenção nos próximos anos. Até no campo da linguística, a teoria da linguagem inata de Chomsky, com a sugestão de que todas as línguas humanas possuem uma “sintaxe básica geral” determinada biologicamente, tem recebido crédito maior.

O pensamento bíblico não precisa temer nenhuma ciência. De fato, o nosso comportamento tem origem espiritual, ambiental e genética. Os três fatores interagem de modo complexo na experiência humana. Um não exclui o outro. Por isso, ainda que se possa comprovar (e provavelmente o farão) que muitos comportamentos perversos do ser humano possam estar relacionados diretamente com um fator genético, isso jamais exclui o “erro objetivo”, jamais “exclui a culpa” e nunca “pode ser justificado”.

Será que a presença de muita testosterona em um indivíduo deveria “justificar” um estupro? Talvez ajude a explicar em parte o ocorrido. Hormônios que favoreçam nossa agressividade poderiam “justificar” um homicídio? Podemos afirmar que uma tendência humana perversa ou a prática de um comportamento humano nocivo deve ser “redimido” por ser considerado “natural” ou “biologicamente explicável? É claro que não! Assim adultério, práticas homossexuais, dependência de drogas, alcoolismo, etc. permanecem como práticas indesejáveis!

É por essa razão que a única esperança está em Cristo. Seu evangelho nos dá a grande liberdade de transcendermos nossas terríveis limitações tão bem expostas pelos filósofos existencialistas e pelos pesquisadores da genética. Ainda que tenhamos feito o mal e nossas tendências pecaminosas existam desde o nascimento, podemos orar como Davi e crer que seremos perdoados e ganharemos forças para lidar com nossa fragilidade. Isso é extraordinário, pois, finalmente podemos contar com a realidade de que apesar do que somos, da criação que recebemos, das limitações culturais e de toda a carga genética letal que tenhamos herdado, por causa de Cristo e de seu evangelho “Pau que nasce torto não precisa morrer torto”.


Luiz Sayão

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